FIRIA MARIA - FRIDA MARIA

 

            FURIA MARIA - Ao ler este nome talvez o leitor pense se tratar de uma mulher, uma mulher furiosa e capaz de ser uma bomba de destruição. Mas ao contrário, Fúria foi um animal, uma cadelinha pinscher que enquanto existiu foi muito estimada por seus donos, primeiro a mulher que a ganhou, depois pelo companheiro a quem se uniu, ali se bandeando para o lado dele, a ingrata.

             A história de fúria começa aos seus meses de idade, quase do tamanho de um maço de cigarros porque esse tipo de cão não cresce mais do que centímetros. Na casa a sua primeira dona tinha duas filhas e ela, no costume dos de sua raça quando mimados, costumava dormir junto com as meninas, dormir era modo de falar porque o que fazia era se “infiltrar” no meio dos corpos e procurar o melhor e mais aquecido lugar, então ressonando como ser humano. Adulta fúria parecia lésbica, se é que cão pode ser homossexual, não aceitando macho algum e tendo, na primeira tentativa com sucesso de ter sido fecundada. a  força de um veterinário que a segurou na hora do coito. Dessa inseminação forçada fúria pariu dois filhotes, mas um só sobreviveu e chamava-se Lucrecia, que nada tinha de Borja e era menor ainda do que ela e outra lady pobretona. Agora eram duas cadelas dormindo com adolescentes e sendo “esmagadas” por se meter debaixo dos corpos. E haja gritinhos.

        Quando Fúria tinha três anos na tabela de sua idade, Fúria com esse nome e sem poder ser vista aterrorizava, havendo uma vez que convidados de sua donas alertados dela se aproximar chegaram a subir em uma mesa de sinuca temendo aparecer ali um pit bull. Tempos depois a dona se uniu a um homem que gostava de cachorros e o primeiro encontro não foi nada amistoso, ela surgeindo de surpresa de dentro de uma bolsa de toalete e quase abocanhando a mão do homem que tentava um carinho na mulher. Porém foi amor e ódio ap´rimneira vista portque horas depois ela já se entregava para ele com devoção, mostrando imensa satisfação por ele e pela casa nova. 

      Seguiram-se cinco anos de felicidade e estrepulias, ela sempre junto dele, não permitindo ninguém perto dele, querendo sempre ser a prima dona a ponto de no carro dele gostar de viajar no banco da frente e de preferência sozinha, ou empurrava para o lado da porta com o pequeno corpo negro qualquer e atrevida carona.

        Aos sábados e domingos o prazer do homem era tomar pileques e o de Furia passou a ser também, se entregando ao vício do run com coca cola ou quinado, as bebidas prediletas do dono. Num piscar de olhos mudou o gosto pela cerveja que sua dona adorava, pelo que aquele homem bebia. E ai de quem não desse a bebida...

        Tornou-se pinguça de verdade a cadela, a ponto de ficar embriagada a ponto de trocar passos e ficando cambaleante como fazem os bêbados. Já pela manha ao se aproximar à hora dos pileques lá estava Fúria Maria, que nesta altura do campeonato atendia também por Frida Maria pois seu dono era nato em trocar nomes, uma pedinte balançando a língua como se saboreasse o ar, pedindo cuba libre e biscoitos queijinho da Piraqu~e que era o seu tira gosto e o dele.  Quando seu dono saia para beber em botequim ela ia junto, aninhada dentro de sua jaqueta dele e só mostrando a cabeça raivosa quando alguém desavisado tentava abraçar ou cumprimentar seu dono. Nos bares era conhecida, por gente e pela cachorrada vagabunda também, que desaparecia do pega restos quando ela estava no pedaço porque ela os espantava. Então eram horas, escondida em uma jaqueta ou saindo para investir contra cão intruso ou então "mamando" como gente grande, cachaça cubana com coca cola ou vinho quinado.

        Fúria, quando nos dias de semana, adorava se aninhar nos sofás, de preferência no colo ou ao lado do dono e não adiantava expulsar que ela voltava esquecida, ficando ali de guarda ou ressonando, ou roncando alto mesmo, mostrando dentes se alguém sentava ao lado de seu mestre.  Nessas horas mesmo sua antiga dona era vítima de seus ataques se a provocava ameaçando tocar no companheiro e se por acaso sentava com ele, tinha que ficar com ela no meio, deitada alerta e se interpondo com o pequeno corpo esbelto. Fúria não mais teve filhotes, foi única na vida daquele homem que já havia passado por outra experiência antes com outra cadela maior e sobre ela irá escrever depois.

     Fúria viveu em sua idade até oito anos, não foi longe, mas marcou sua passagem  neste mundo sem ter ido a muitos lugares, e quem a conheceu, a respeitou, estimou e a relembra sempre. Fúria morreu por erro médico, socorrida por um veterinário que para prevenir um mal de carrapatos9 seu dono havia lhe proibido de beber fazia mais de cinco meses) mandou lhe ministrar mil gramas de antibiótico em um só dia quando o máximo que seu fígado suportaria seria vinte e duas mlg. Fúria morreu por não suportar aquela agressão que a cachaça jamais causou, com o fígado desmanchando e sem artérias ou veias para injetáveis, sofreu poucos dias e gastou o dinheiro do dono em vão na tentativa de salvá-la, o deixando desolado (e a antiga dona também) merecendo dele por isso uma sepultura especial em seu jardim.

        Seu dono não chorou quando recebeu a notícia de sua morte, mas o fez dobrado no sábado seguinte sentindo sua falta mesmo que só para comer dos biscoitinhos, não viu ali sua antiga companheira de copo e se desmanchou em prantos. Tanto ele como sua mulher não compreendem o porque dela se despedir de ambos separadamente com lamúrias propositais horas antes da passagem e nunca o porque de uma planta plantada sobre sua sepultura não haver murchado as folhas nunca, o que costumava acontecer. N o jardim ela ganhou uma sepultura bonita que até hoje permanece cuidada como se de gente fosse, e nada naquela casa apaga a sua presença, nem outras cadelas da mesma raça compradas depois. Fúria, Frida Maria foi e será um animal insubstituível.

        Que descanse em paz minha adorável e insubstituível cadelinha!

 

                                                          Eu sou Furia Maria