SÃO TANTAS AS LEMBRANÇAS BOAS

De fato se chega ao ocaso da vida vendo novos dias despontam, mas sem saber onde será nosso final, se de repente, de noite, de manhã, agora ou depois. Suspense que se parar pra pensar, deixa doente. Melhor não pensar e improvisar, em cada minuto ou segundo, átomo de tempo ainda vivo neste planeta porque depois, só Deus sabe (ou o tinhoso). Estou mamado, mas lúcido dentro do meu se segura de mente diante do álcool, um cara fora de série como você minha amiga Tânia Milan, você mesmo expressa. Sempre fui assim imprevisível e se alguém me viu previsível, eu estava mentindo. Este foi e será sempre o Jorge, o Curvello, que no mundo Terra, conheceram. Nunca me dobro a adversidades, fraquezas, inseguranças, medos, temores, sentimentos dúbios que nos travam, sou sempre eu, interno e direto sem ninguém poder classificar. Se tenho dor, escondo, fico calado e agüento até passar, pois passa mesmo. Se tenho medo, minto que sinto coragem e enfrento pra ver até onde vai o resultado, se me xingam, agüento e calo, ou revido na altura, se me ofendem, aceito ou não, mas nunca o resultado será o meu eu interior. Que cara eu sou afinal e porque assim nasci e cresci? Sempre fui do tipo que, uma vez ridicularizado vou ater o mais baixo da lama para dar o troco, deixando o inimigo sem campo pra continuar, se me ovacionam fico rubro, se me dizem amar desconfio e se amo, quero provar que é verdade. Que merda de cara eu sou afinal???? Hoje com setenta anos na cara e corpo, saio à rua como um garotinho, se fico em casa assumo posição de avô, que merda isso menina. Sou homem macho sem ser, bicha ou boneca sem considera ou sentir, fui pobre e ao mesmo tempo rico, fui rico sabendo que era pobre, que merda garota. Tell me please friend, how you see me and wuat really I am. Mas como comecei, vamos as nostalgias e hoje eu as sinto assim, boas lembranças. Lembrança de uma noite em 1966 em noite e de inverno sem chuva, quando saí com minha chefa de seção (eu trabalhava na Metalon), uma coroa safada, para junto com transviados como eu ir dançar em um clube no Jacarezinho (a favela) e foi ótimo, cheio de moções e muito rock and roll. Lembrança de uma tarde quando com minha pseudonoiva, (um avião de saias) exigi que ela fosse a um médico comigo porque suspeitava que eu tinha sífilis e passei para ela, besteira minha. Lembranças de quando dentro de um banheiro em um inferninho na zona sul, eu dei na cara de uns machões que me surpreenderam, transando com um cara dentro do toalete. O veado ali ficou sendo eles, não acha? Lembranças de Dione, uma piranha aos quinze anos dos anos sessenta que, garota ainda parecia uma deusa do mal, careca raspada e sombracelha arqueadas finas, que amei sem amar, que nunca toquei, que se dava a todos menos para mim, que esqueci solene. Lembrança de uma magrela que cismou de ser minha namorada e eu a fazia me punhetar na calçada da praia do posto sei todas as tardes. Lembranças das farras, completamente nu nas areias noturnas da barra da Tijuca, eu, meus amigos transviados, um carro, garotas, corpos a mostra, sacanagens e muita cana ou droga para quem gostava. Lembrança de minha mãe chorando no fundo do quintal, por causa de minhas maluquices fora de casa e longe de seus olhos, e meu arrependimento. Eu amei acima de tudo aquela deusa. Lembranças de tudo que vivi e aprontei na Varig, de bom e de ruim. Lembranças de minha cara metade Valdete, que me aturou, soube ser esposa e mulher, me deu de presente o Fuka, o meu filho (dela) lindo e os netos que ele me deu de presente. Lembranças mais novas da Rosângela no tempo que éramos apenas amantes de quarta feiras, sábados e domingos. Lembranças de uma amiga louca de infância, mais velha do que eu nos anos cinqüenta que acreditava em disco voador fazia na casa dela quitutes que nos servia pela janela, me levava com ela à praia e me ensinou a nadar em praia cheia de coco, a de Ramos. Lembranças das sexta feiras dos anos sessenta, após semana de trabalho, sair para as aventuras noturnas de Copacabana vestindo uma japona (a moda Beatices), encher a cara de vinho tinto em um botequim do centro da cidade e chegar na zona sul já armado pro que desse e viesse nos inferninhos. Lembrança de você Tânia Milan, quando lhe vi pela primeira vez com aquele rosto bonito e o cabelinho alourado a moda Elizabeth Taylor em Disque Buterfield 8, uma gracinha, uma amiga que começou ali e me fez rir muito nos aviões, ou riu das minhas palhaçadas. Uma “velha’ amiga que continua até hoje em espero até um de nós dois embarcar pro vai pra sempre e te encontro depois”. Lembranças boas são ou não são?