A ARTE DE SER ARTISTA

Arte - Aptidão ou habilidade para fazer alguma coisa.  Assim a palavra é definida e se desdobram em especificações diversas que se tornam primordiais quando se trata de ilustrar quem a possui, assim sendo então o dono de uma ou várias aptidões ou habilidades, chamado de artista.

        A arte pode ser usada como apenas costume, ou seja, se apresentando na perfeição do que se faz, uma capacidade elevada em alguns que por isso se tornam conhecidos e em outros apenas aflora sem se projetar, talvez pela falta do interesse ou sorte de quem a possui, não se tornando então ponto de classificação.

        Todo artista necessita de fatores para mostrar sua arte e com ela alcançar o sucesso desejado, fatores como a sorte, o conhecimento, a projeção e principalmente perfeição no que faz, perdendo-se no quase anonimato senão total todo aquele a quem falham alguns ou todos esses fatores. Grandes artistas nascem com a arte que possui e ao longo da vida a desenvolvem a ponto de reconhecimento da mídia, mas todos irão precisar desses fatores em conjunto para chegar ao caminho pretendido, não chegando lá aos que faltar um deles porque a arte, por si só não o ajudará.

        È sabido que grandes artistas natos, perdem-se no anonimato por falta de sorte, talvez o maior desses fatores na vida de quem traz consigo a arte de alguma coisa. Sem a sorte de encontrar quem o projete ou aceite seus trabalhos ele jamais sairá do anonimato e será apenas considerado artista sem nunca publicamente o ser. O Artista com conhecimento do que faz precisa do outro conhecimento, o de quem o projete ou ajude a se projetar, ou se perderá no limbo dos esquecidos e sua arte morrerá sem ser apreciada e é esse fator conhecimento que o ajudará na projeção necessária para que se torne realmente artista. Quanto à perfeição no que faz é um fator menos importante, isso porque todo artista vai depender mais da projeção e uma vez alcançado essa projeção suficiente, a perfeição se limitará ao grau de como será considerado, mas jamais o impedirá de apresentar a sua arte com lucros seja de que forma ele for.

        Na arte de representar, por exemplo, existem bons atores, pequenos atores e maus atores e esses podem ser considerados exemplos do citado acima, todos eles tendo tido a sorte, o conhecimento e a projeção como ajuda, mas sobrando-lhes ou faltando-lhes o fator perfeição no que faz. Usa-se em arte cênica dizer que não existem pequenos papéis, mas sim grandes atores, mas a grande verdade deste ditado é que sem sorte o grande ator jamais se projetará, sem conhecimento sua capacidade jamais será notada e sem a projeção jamais alcançará o lugar que ele deseja na sociedade. Assim sendo dê-se um pequeno papel a um grande ator e tirem-lhe estes três fatores e ele não passará de apenas exclamações de elogio, tornando-se um desconhecido logo depois. Agora, dê-se um grande papel a um mau artista e junte-se a isto a sorte, o conhecimento e a projeção, e ele alcançará o pódio mesmo que para a quem mede sua arte, decepcione porque o que estará valendo ali será o interesse de projeção de sua pessoa, nunca o da sua arte.

        Quantos grandes pintores pintam seus quadros para guardarem na parede ou exibi-los apenas enquanto pintam, sem ter uma chance de mostrá-los ao mundo sob a forma comercial enquanto outros menores têm seus quadros avaliados por grandes empresários que neles antevêem o lucro e com eles fazem sucesso? Quantos excelentes escritores perdem suas obras guardadas em gavetas enquanto menores colegas alcançam as prateleiras dos best sellers por elas terem sido aceitas e editadas por uma grande divulgadora? Quantos excelentes atores morrem no desconhecimento por falta de projeção enquanto verdadeiros charlatões da arte brilham no estrelato empurrados por agentes ou pistolões? E assim segue a ciranda dos sortudos e dos sem sorte, todos artistas, mas nem todos com sorte, todos donos de alguma arte, mas nem todos a sabendo perfeitamente usar.

        Não existem pequenos papéis, mas sim grandes atores... E quantas vezes se dado à chance pequenos atores roubam dos grandes uma cena, ali demonstrando que a arte não tem idade ou tamanho, mas sim habilidade e necessita de chances para ser mostrada. Há que se considerar que nenhum grande ator chegou ao pódio sozinho, não bastou apenas à arte que possuía se não tivesse quem o ajudasse a mostrar essa arte e isso não somente de uma vez, mas ao longo do tempo que lhe deram para ela aperfeiçoar, conhecer e externar, em uma seqüência que o impediu de voltar ao desconhecido. Quero dizer que grandes nomes de nosso teatro televisão e cinema do sexo feminino, antes de se tornarem celebridades enfrentaram todos os problemas e prejuízos e dependeram de muita força de vontade e aceitação para conseguirem o sucesso, salvo aqueles projetados através de pistolões. Não é raro ver atores na mídia porque são filhos ou parentes de gente do meio artístico ou mesmo artistas como eles, enquanto os mais esquecidos não possuem esse meio de projeção. Se antes exigido de arte para se pisar em um palco ou se sentir sob a luz de um refletor, hoje vale mais o quem indica e a promoção do que propriamente a sua arte. E a isso dá -se o nome do principal fator que rege a carreira de um artista, a sorte. Se antes a cerda de um pincel dependia da habilidade da mão de quem o conduzia sobre uma tela, hoje vale mais o absurdo de imagens e cores citados por intelectuais que projetarão a arte significada ao sucesso mereça ela ou não. Se antes era o texto e seu conteúdo de significados e emoções incluídos que elevavam o escritor, hoje vai depender do interesse de alguma editora em projetar seu nome mais do que propriamente a sua obra. E assim segue e seguirá cada vez menos louvável, a ciranda do artista.

 

Por Arlindo Duplo